quinta-feira, 19 de agosto de 2010

Conhecimento Filosófico

O conhecimento filosófico tem por origem a capacidade de reflexão do homem e por instrumento exclusivo do raciocínio. Como a Ciência não é suficiente para explicar o sentido geral do universo, o homem tenta essa explicação através da Filosofia. Filosofando, ele ultrapassa os limites da Ciência – delimitado pela necessidade da comprovação concreta – para compreender ou interpretar a realidade em sua totalidade. Mediante a Filosofia estabelecemos uma concepção geral do mundo.








Tendo o homem como tema permanente de suas considerações, o filosofar pressupõe a existência de um dado determinado sobre o qual refletir, por isso apóia-se nas ciências. Mas sua aspiração ultrapassa o dado científico, já que a essência do conhecimento filosófico é a busca do “saber” e não sua posse. Tratando de compreender a realidade dos problemas mais gerais do homem e sua presença no universo, a Filosofia interroga o próprio saber e transforma-o em problema. É, sobretudo, especulativa, no sentido de que suas conclusões carecem de prova material da realidade. Mas, embora a concepção filosófica não ofereça soluções definitivas para numerosas questões formuladas pela mente, ela traduz em ideologia. E como tal influi diretamente na vida concreta do ser humano, orientando sua atividade prática e intelectual.



[Autor: Lizie Cristine da Cunha - Lido: 82504 Vezes - Categoria: Fatos Gerais]



Mais ligado à construção de idéias e conceitos. Busca as verdades do mundo por meio da indagação e do debate; do filosofar. Portanto, de certo modo assemelha-se ao conhecimento científico - por valer-se de uma metodologia experimental -, mas dele distancia-se por tratar de questões imensuráveis, metafísicas. A partir da razão do homem, o conhecimento filosófico prioriza seu olhar sobre a condição humana.

É o conhecimento que se baseia no filosofar, na interrogação como instrumento para decifrar elementos imperceptíveis aos sentidos, é uma busca partindo do material para o universal, exige um método racional, diferente do método experimental (científico), levando em conta os diferentes objetos de estudo.









Emergente da experiência, “suas hipóteses assim como seus postulados, não poderão ser submetidos ao decisivo teste da observação”. O objeto de análise da filosofia são idéias, relações conceptuais, exigências lógicas que não são redutíveis a realidades materiais e, por essa razão, não são passíveis de observação sensorial direta ou indireta (por instrumentos), como a que é exigida pelo conhecimento científico. Hoje, os filósofos, além das questões metafísicas tradicionais, formulam novas questões: A maquina substituirá quase totalmente o homem? A clonagem humana será uma prática aceita universalmente? O conhecimento tecnológico é um benefício para o homem? Quando chegará a vez do combate à fome e à miséria? Etc.



Fonte: http://www.coladaweb.com/filosofia/conhecimento-empirico,-cientifico,-filosofico-e-teologico



A tarefa da filosofia





A filosofia é um modo de pensar, é uma postura diante do mundo. A filosofia não é um conjunto de conhecimentos prontos, um sistema acabado, fechado em si mesmo. Ela é, antes de mais nada, uma prática de vida que procura pensar os acontecimentos além de sua pura aparência. Assim, ela pode se voltar para qualquer objeto. Pode pensar a ciência, seus valores, seus métodos, seus mitos; pode pensar a religião; pode pensar a arte; pode pensar o próprio homem em sua vida cotidiana. Uma história de quadrinhos ou uma canção popular podem ser objeto da reflexão filosófica.



A filosofia é um jogo irreverente que parte do que existe, critica, coloca em dúvida, faz perguntas inoportunas, abre a porta das possibilidades, faz-nos entrever outros mundos e outros modos de compreender o mundo.



A filosofia incomoda porque questiona o modo de ser das pessoas, das culturas, do mundo. Questiona as práticas política, científica, técnica, ética, econômica, cultural e artística. Não há área onde ela não se meta, não indague, não perturbe. E, nesse sentido, a filosofia é perigosa, subversiva, pois vira a ordem estabelecida de cabeça para baixo(...).



Quando a filosofia surge, entre os gregos, no século VI a.C., ela engloba tanto a indagação filosófica propriamente dita quanto o que hoje chamamos de conhecimento científico. O filósofo teorizava sobre todos os assuntos, procurando responder não só ao porquê das coisas, mas, também, ao como, ou seja, ao funcionamento(...).





É só a partir do século XVII, com Galileu e o aperfeiçoamento do método científico, fundado na observação, experimentação e matematização dos resultados, que a ciência começa a se constituir como forma específica de abordagem do real e a se destacar da fiolosofia. Aparecem pouco a pouco, as ciências particulares, específicas(...).



A filosofia trata dessa mesma realidade, mas, em vez de fragmentá-la me conhecimentos particulares, toma-a como totalidade de fenômenos, ou seja, considera a realidade a partir de uma visão de conjunto. Qualquer que seja o problema, a reflexão filosófica considera cada um de seus aspectos, relacionando-o ao contexto dentro do qual ele se insere e restabelecendo a integridade do universo humano(...).



É por isso que, sem desmerecer o conhecimento especializado buscado pelas várias ciências, defendemos a necessidade da reflexão filosófica, reflexão esta que faz a crítica dos fundamentos do conhecimento e da ação humanos. Cabe ao filósofo refletir sobre o que é ciência, o que é método científico, sua validade e limites. A ciência é realmente um conhecimento objetivo? O que é objetividade e até que ponto um sujeito histórico – o cientista – pode ser objetivo? Cabe ao filósofo, também, refletir sobre a condição humana atual: o que é o homem? O que é liberdade? O que é trabalho? Quais as relações entre homem e trabalho? etc. Nem mesmo a escola foge ao crivo da reflexão filosófica: para que exista, é necessário que partamos de uma visão de homem como ser incompleto, portanto, educável(...) Para que o ser humano é educado? Para o pleno exercício da liberdade e da responsabilidade ou só para se manter dentro da ordem estabelecida? Em outras palavras, educamos para que cada homem saiba pensar por si próprio ou para que saiba aceitar as regras que outros pensaram para ele?







Características do pensamento filosófico







O trabalho do filósofo é refletir sobre a realidade, qualquer que ela seja, des-cobrindo seus significados mais profundos.



Como isto é feito?



Em primeiro lugar, vamos estabelecer o que é reflexão. Refletir é pensar, considerar cuidadosamente o que já foi pensado. Como um espelho que reflete a nossa imagem, a reflexão do filósofo deixa ver, revela, mostra, traduz os valores envolvidos nos acontecimentos e nas ações humanas.



Para chegar a essa revelação, a reflexão filosófica, segundo Demerval Saviani, deve ser:



• Radical – ou seja, chegar até a raiz dos acontecimentos, isto é, aos seus fundamentos; à sua origem, não só cronológica, mas no sentido de chegar aos valores originais que possibilitaram o fato. A reflexão filosófica, portanto, é uma reflexão em profundidade.



• Rigorosa – isto é, seguir um método adequado ao objeto de estudo, com todo o rigor, colocando em questão as respostas mais superficiais, comuns à sabedoria popular e a algumas generalizações científicas apressadas.



• De conjunto – como já foi dito anteriormente, a filosofia não considera os problemas isoladamente, mas dentro de um conjunto de fatos, fatores e valores que estão relacionados entre si. A reflexão filosófica contextualiza os problemas tanto verticalmente, dentro do desenvolvimento histórico, quanto horizontalmente, relacionando-os a outros aspectos da situação da época.







Assim, embora os sistemas filosóficos possam chegar a conclusões diversas, dependendo das premissas de partida e da situação histórica dos próprios pensadores, o processo filosófico será sempre marcado por essas características, resultando em uma reflexão rigorosa, radical e de conjunto.







(Texto extraído para fins didáticos de ARANHA, Maria Lúcia de Arruda e MARTINS, Maria Helena Pires. Temas de Filosofia. Editora Moderna: São Paulo, 1993)

Um comentário:

  1. No conhecimento filosófico aprendi que embora os sistemas filosóficos possam chegar a conclusões diversas, dependendo das premissas de partida e da situação histórica dos próprios pensadores, o processo filosófico será sempre marcado por essas características.

    ResponderExcluir